quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Meu corpo, meu corpo torto, está todo em cansaço. Meus pés, talvez existam, estão apáticos para o chão. O que acontece no mundo mortal é paradoxo carnal e absoluto. Não consigo andar pelos corredores sem sentir uma dor funda. Sei que o que tem o nome do medo anda por essas mesmas vias. Isso me aterroriza. O espelho diz minha cara com gosto de sono. Meu corpo todo se retrai antes de sair para o lá. Meus olhos meio apagados estão prestes a sangrar. De ódio. De mim mesmo? talvez. Sei que meus pensamentos estão tirando parte de meu corpo. Corpo e pensamento são a mesma dor. O que poderei fazer? Morrer de olhos abertos e boca seca semi-aberta como se fosse gritar algo no instante seguinte. Talvez eu grite, sim, eu deveria cometer isso. O grito rasga vidas e isso me preocupa. Eu, cujo corpo pretende ser em vermelho, está a doer no antegrito. Meu nome é cegueira. Meu corpo é boca com hálito da morte.