Sou assim porque sou fogo. Queimo até a morte, quando renasço estático e úmido diante do papel. Gosto das palavras sangue, grito, morte, eco. Escarro palavras, pois preciso; senão morro atrofiado em meus músculos sangrentos. A treva me agrada, assim como a luz intensa que cega. Cegar é bom. Não temo a morte, pois morro todos os dias. Há quem o chama de sono. Brinco com ela, a morte, e a faço viver em meus poemas e pensamentos. Acho a dor a coisa mais eterna que há. Quando escrevo, sangro sangue vermelho-escarlate. (Gosto da palavra escarlate). Sangro, logo vivo. Intensidade me seduz. Meu amor é intenso e não dura muito. Amo com o sol ao dia: queimo até a hora das estrelas. Sexo é lindo. É bonito e suado e eu gosto. Duas pessoas se amando no mais íntimo e último momento. Ambos deixarem-se penetrar um no outro: chamo-o infinidade. Sou vermelho-sangue, azul escuro. Sou intenso porque sou último em mim.