terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Um Sonho

Na verdade passo por aqui para lhe contar um sonho que tive essa madrugada. O que posso adiantar é que o sonho foi tão real, tão cheio de sensações que acordei pensado na hipótese do sonambulismo, ou da hipnose. Acontece que eu me encontrei a sós com uma mulher, a qual nunca havia conhecido. Meus braços, sem que eu pudesse sequer pensar, quando a mirei nos olhos castanhos de madeira, mergulharam por trás dela e a elevaram para fora do chão. Levei-a para o leito, branco e frágil. Daí para frente, o sonho me pareceu meio nebuloso. Cheio de incertezas e jogos com a linguagem dos corpos. Sei que a dança toda me pareceu afundanda em contentamento e coisas indizíveis. Acordei assustado, ainda sentindo sua mão puxar meus cabelos e suas unhas encravadas em minhas costas. Levantei aturdido e perplexo, a respiração acelerada, o coração batendo forte. Sei que ainda pude sentir seu perfume e lembrar a textura de sua pele. Mas acordei. Acordei triste por estar acordando. Olhei o real a minha frente. E senti pena dele. Eu escolho viver o sonho. Para o sonho. Dentro do sonho. Sonhadora e lucidamente.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A Alma do Corpo

Tenho o desejo de morder um pescoço e vê-lo sangrar, sentir com a ponta da língua a textura do corte, o desenho do gosto e subir as mãos nos cabelos e segurá-los com força, com uma quase dor e ouvir um gemido doce, baixo e íntimo de quem sofre de um prazer escarlate e arranhar a pele de umas costas brancas e fazer isso, tudo isso ao mesmo tempo com a intensidade de uma explosão ou de água fervente. Estou eu e estou último. Ardendo nas pontas dos dedos, lambendo o céu dentro deles. A alma e o corpo. Porque eu sou todo um magma que precisa consumir. Vermelha e incontrolavelmente.

Meu amor é perto da morte.