domingo, 3 de agosto de 2008

Arte Infernal

Fazer arte é como fazer sexo sobre uma poeira branca e leve e ser aplaudido por pessoas da alta sociedade. Alguém aí já viu Laranja Mecânica? Minha raiva vermelha aumenta cada vez que eu me vejo dentro disso. Sei que terão muitos que me acharam feio e sujo, mas é da própria carne humana ser feio e sujo e cheirar mal. Inventaram o perfume francês, o creme facial e suas diversas promoções, claro. Não me pergunte quando o ser humano deixou de ser humano. Tenho plena noção de que o que escrevo é a minha festa na prisão. Talvez eu seja mesmo covarde, talvez não. Sei que quero sangrar e se eles não me permitem: eis aqui meu manifesto em letras vermelhas. Escrevo porque me reconheço como animal.

2 comentários:

Patrick Bange disse...

Ah, como eu gosto de te ler. Fere e acaricia. Sim, já vi Laranja Mecânica. É a última cena. não é?
Abraço!

Rayssa Galvão disse...

Já vi Laranja mecânica, sim.

Mas nossa, quanto rancor. Rancor, pra mim, não é vermelho. Na verdade, rancor é uma coisa meio transparente meio água-suja, na minha concepção. Talvez eu é que tenha entendido errado o seu tom. Pra mim o seu vermelho violento é um grito. Ando meio desconexa, essas dias, acho que me fundi.

Eu escrevo porque sinto necessidade de provocar o outro, de causar no outro aquilo que há em mim, de adequar o meu corpo que ferve e explode às circunstâncias quenão apagam com o sexo, com a dor, com as drogas, com a brasa quente. Eu escrevo pra me consumir e pra me liberar. Devia escrever mais sobre isso em algum lugar.

Desculpa usar a sua caixa de comentários como caderno, é que acabei me empolgando.

Me reconheço como animal, e não melhor do que uma abelha. Na verdade, acho que a abelha ganharia mais se resolvêssemos nos comparar. Mas se eu pensar nisso eu fico maluca, então eu me abstenho. eu reconheço, eu me abstenho, mas é só pra não pecar.